domingo, 15 de dezembro de 2013

Para Luna


Canto-te ó Luna que és como um Sol...
És como um Sol...
Brilha tranquila, pairando no ar...
Eu vou te alcançar

Quero cantar pra essa Lua escutar
Do alto. Onde estará?

Ela me disse não tente explicar
O motivo que há

Por trás desse ímpeto de encantar
O ar em volta

Teu brilho vai
Pra imensidão...



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Súbita Canção



Na vitrola
Da sala de estar
Da memória
Toca o teu perfume
Pendurei
Com todo o cuidado
No alto
O teu sorriso

E com aquela
Brasa de beijo
Que ardia acendi
A lareira que
Nunca vai parar
De arder

Lágrimas
Usei pra telhar
Esse lar
De amor, amor
Eu, Vivi
Súbita canção
De amor e a
Dor ficou...


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Jorge Homenagem

Jorge, meu rapaz
Que bem nos faz
Teu som
Tua canção

Jorge, transe-som
Do mar, do chão
Que não
Sossega não

Teu brilho e traz
Com graça tal
Teu alto astral
Inigualável

Salve, Jorge Ben!
Irmão de cor
Que não
Não nega não

Tua raça e faz
Vibrar assim
Que a noite cai
Sobre a cidade

segunda-feira, 13 de abril de 2009

#2

Não que a coisa em si fosse brilhante, ou que ele nunca houvesse feito aquilo antes, mas a idéia surgiu como um eco de "eureka" em sua mente: "Mas é claro! Eu sou um gênio!". E antes mesmo do horário em que costuma sair para o trabalho, tomou o rumo para o hospital.
Lá, em cerca de meia hora, nosso herói seria atendido por um entediado clínico geral. Ele perguntaria com um ar pouco interessado: "Qual o problema meu jovem?" - ao que o nosso protagonista retrucaria: "Diarréia doutor!" - encenando um personagem que não come ou dorme por cerca de uma semana. Depois de responder negativamente se houve vômito, febre, tonteiras, sudorese excessiva, dentre outras complicações mais graves, o lânguido médico concluiria: "É uma virose. Repouse por dois dias e, se não houver melhora, volte a me procurar" enquanto assinava o tão almejado atestado médico que livraria o nosso aventureiro urbano do expediente naquele fatídico dia. Ou pelo menos assim se fez, na sua surpreendentemente leve e otimista expectativa, leve e otimista demais para uma cidade como Belo Horizonte.
Chegando lá a coisa se arrastou por mais tempo do que o esperado. Inicialmente por conta do próprio desleixo do falso doente e, depois, em função de algum senso de justiça inerente à natureza das coisas, ou, se preferirmos, por puro azar mesmo. No saguão de triagem do pronto-socorro acabou por perder o chamado da sua senha enquanto jogava paciência no celular e, à porta do consultório médico, com seu atípico bom humor de enfermo, conseguiu puxar conversa com um médico e com uma enfermeira que, essa sim, estava acabada de tanto vomitar e esperava atendimento, ironicamete, no mesmo hospital que a adoentou.

Já no interior do pequenino consultório em que iniciou-se o atendimento, a inesperada atenção dada pela médica ao nosso inocente impostor deu asas à sua imaginação. O cuidado quase materno da doutora inspirou o coitado a vitimizar-se a tal ponto que, em alguns minutos, estava ele numa maca de observação tentando convencer o enfermeiro de que ele não necessitava de injeção de soro alguma.
No fim das contas, tratou de garimpar pequenas diversões no ambiente hospitalar, feito de gente aflita e sofrida por um lado, acelerada e concentrada de outro. E quase conseguiu escapar para a lanchonete não tivesse ele o azar de ter sido flagrado pela impecável doutora a meia distância do destino. Então, enquanto seu corpo drenava duas bolsas de meio litro de soro cada uma por uma veia do braço direito, reparou como os enfermeiros encarnavam ora policias do Choque, ora missionários da Cruz Vermelha ao transitarem por aqueles corredores apinhados de doentes. E como os médicos, ao tentar acalmar os pacientes, só faziam confundí-los ainda mais com meia dúzia daqueles nomes científicos a cada frase que proferiam.
Passados cerca de hora e meia desde que o deitaram na maca, tempo necessário para o seu inútil hemograma de urgência ficar pronto, se dirigiu para a saída munido do caríssimo atestado médico que, compensatóriamente, o livraria também do dia seguinte no trabalho. E foi enquanto fazia as contas do quanto o seu plano de saúde o cobraria por aquela audácia que ele estatelou em frente ao caixa do estacionamento: "Vinte e um reais?! Não é possível, você deve estar enganada!" - e a fria calma da boa funcionária: "Foram mais de três horas e meia senhor, a nossa tabela está bem ali."
"Nunca mais! Não vale a pena!" praguejou ao volante em voz alta enquanto pressionava o curativo no braço picado de agulha o nosso desbravador dos tediosos perigos urbanos na volta para casa. "Da próxima vez a minha mãe saiu com a minha cópia da chave e eu fiquei preso dentro de casa! 'Eu moro no quinto andar chefe! Não dá pra pular!'... Será que ele vai se lembrar que eu moro no primeiro?"

terça-feira, 3 de março de 2009

De repente, percebeu
Que o negro era muito
Mas muito mais vivo
E o azul, mais pesado

Entendeu que
O que mais lhe afligia
Era a vida vazia
E seus finos carrascos

E entre os seus
Não mais se sentia
Um membro da tribo
Mas sim, solitário

Se encolheu
Diante da intriga
Armada por Deus
E por que não, o Diabo?!

De repente, percebeu
Que a corda era fina
O equilíbrio precário
E a queda, implacável

E foi assim
E seu medo cedeu
Lugar ao incerto
Um temível impasse!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Um homem precisa viajar por sua conta
não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.
Precisa viajar por si com seus olhos e pés
pra entender o que é seu.
Pra um dia plantar as suas próprias árvores
e dar-lhes valor. Conhecer o frio pra desfrutar do calor
E o oposto, sentir a distância e o desabrigo
Pra estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece.
Pra quebrar essa arrogância que nos faz
ver o mundo como imaginamos, e não simplesmente como é.
Que nos faz professores e doutores do que não vimos.
Quando deveríamos ser alunos e simplesmente ir ver.”

Amyr Klink

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ah Nilo!

Esse peitos que tu mordes!
Esses peitos que tu beijas!
Esses peitos que te aguentam as unhas,
Que te desconsertam as juntas
São virgens Nilo!
São peitos cuja firmeza há de decair em breve.
São peitos cujo encanto há de se acabar em rugas.

Peitos como esses, Nilo, foram os que ontem
Te instigaram, nutriram e saciaram.
Peitos como esses, Nilo,
Que com os olhos devoras
E com as mãos contemplas,
Deram de tocar, morder
E gozar a teu pai.

Peitos como esses, Nilo,
Que se fazem belos e suaves
Para se acabarem num filho teu!

Ah Nilo!